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domingo, 9 de junho de 2013

Há muito, nós - professoras de Língua Portuguesa - vimos discutindo a necessidade de estimular a leitura em nossos alunos, assim como vimos procurando meios adequados de conduzi-los pelas veredas das competências leitoras. Nessa procura, recentemente, deparei-me com uma notícia na Folha de S. Paulo de 2006, que trazia reflexões de José Saramago sobre a leitura:
"O estímulo à leitura é uma coisa estranha, não deveria ter que haver outro estímulo além da necessidade de um instrumento que permita conhecer", opinou. "As coisas vão mal quando é preciso estimular. Ninguém precisa de estímulos para se entusiasmar com o futebol", disse, lembrando que por trás do esporte há uma "operação de propaganda fabulosa".
Saramago diz que leitura é para minoria e dispara críticas, Folha Online, São Paulo, 01 jun. 2006. Ilustrada.

 Essa fala do Nobel da Literatura me fez embatucar... Se a leitura é um instrumento que permite conhecer, tão somente por isso, os alunos deveriam entusiasmar-se a ler. Mas sabemos que não é assim. Qual será, então, o caminho para se formarem leitores?
Essa pergunta levou-me à procura de minha história como leitora. Definitivamente, ela não me é tão clara...
Lembro-me de ter em casa uma coleção de livros do “Sítio do Picapau Amarelo”, de Monteiro Lobato – “Reinações de Narizinho”, “As caçadas de Pedrinho”, “Viagem ao céu”, “A chave do tamanho”, “Emília no país da gramática”, “Aritmética da Emília”, “Histórias da Tia Nastácia”, “O Minotauro”, “A reforma da natureza”, “Serões de Dona Benta”. Li, encantada, esses e outros volumes, mas não está aí o meu verdadeiro arrebatamento pela leitura. É estranho, mas julgo que a leitura me fisgou pela escrita. Ora, vejam:
Meu pai não é um leitor frequente de literatura, mas é um redator exigente. Lembro-me de vê-lo, em ocasiões prosaicas de escrita de cartões, empenhar-se sofrida e insistentemente na procura da palavra certa... E, quando lia o que ele escrevia, compreendia seu empenho. A palavra certa! Como ela é alentadora, não é? Invejava sua capacidade, mais que isso: admirava-a. Assim, suponho, me tornei leitora – a leitura supre minha vontade desesperada de dizer a palavra certa, mas, como não tenho voz, leio e aliviada penso: “É isso!”

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