Amo ler,
simplesmente! E aprendi a amar as “estórias” desde a mais tenra idade, sempre
conduzida pela voz de um grande contador de histórias – meu pai. O que para uma
criança, muitas vezes, poderia significar a tristeza de todos os dias – ir
dormir –, para mim era o momento mais esperado e mágico nos dias em que meu pai
não viajava a trabalho.
A minha infância
foi marcada fortemente pelas grandiosas leituras orais que meu pai fazia, antes
de meu irmão e eu cairmos no sono. O mais interessante era o fato de meu pai
narrar suas histórias, contando apenas com a sua criatividade, o que significa
não ter nada por escrito em suas mãos, pois não havia livros de histórias em
casa. Nós o interrompíamos algumas vezes, e ele, com a voz baixa e suave,
tirava as nossas dúvidas, mas sem parar de narrar, de modo que as nossas conversas
acabavam fazendo parte da história.
Lembro-me de
tentar fazer isso com meus filhos, mas não foi possível. Descobri que não tinha
o dom de “contar histórias”, recriando-as com as minhas próprias “asas”, e,
então, recorri aos livros. Funcionou com meus filhos e também com meus alunos,
porque, como diz Rubem Alves, a fascinação compete à história:
"Tudo
começa quando a criança fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram
dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a
estória. A aprendizagem da leitura começa antes da aprendizagem das letras:
quando alguém lê e a criança escuta com prazer.” (ALVES, 2008, p. 41)
Escutando com prazer as histórias de meu
pai, aprendi também a ler com prazer. E, nesse processo de aprendizagem, pude
ampliar minha visão de mundo, porque a leitura, mediada pelo mais puro deleite,
proporciona também sabedoria, levando o seu leitor à leitura do mundo e de seu
próprio ser no mundo.
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